Apenas hoje

Continua a ser tão difícil para mim,
Por mais que pense conhecer-me
Não me enganar,
Por mais que me prometa
Não protestar,
É sempre a ultima vez,
Toda a vez..
Vou ser mais forte que a vontade,
Contar-te...
Confrontar-te...
Afinal de contas, eu que comprometo a minha vontade não é?
Era assim que deveria ser...

Mas sou tão involuntariamente humilde,
Curvou-me perante forças a que me rendo,
Não resisto, não sentir...
Rendo-me a forças
Que pecaminosas me fazem rasteiras
E me manipulam de 1001 maneiras
Ou é isso, ou é memória fraca,
Será que me engano?
Que me faço de esquecida,
Apenas para ter a oportunidade,
De uma vez mais recordar-te?...

Porquê que tudo parece tão distante?...
Tudo parece tão doce,
Acreditas, que se agora fecha-se os olhos
(o que vou fazer ...)
Iria conseguir descrever-te em pormenores,
Seria capaz de prever pensamentos,
Desmontar-te em peças
Conseguiria sublinhar o teu olhar,
Porque é para mim tão fácil escrever-te,
Tão simples descrever-te,
És tão palpável, tão solúvel...
Que quando te abres um pouco mais,
tal qual o álcool, embriagas-me...
Soltas-me de prisões desconhecidas,
De entradas escondidas,
Sensações vividas,
Tão omitidas...
Muralhas perdidas...

É tão involuntária a vontade de te recordar,
de bisbilhotar os recados secretos,
Que troco e tranco em mim...
Como num diário, onde todos os dias se escrevem,
Amores e promessas secretas,
Juras e palavras discretas...
Adiciono um pouco de distancia,
A medida certa de segurança,
Um pouco mais de vontade...
(tenho tantas vontades em mim..)
Dissolvo tudo em algo q possa beber,
Em histórias que vou sonhando,
Em fins, que nunca vão acabando,
E que ainda assim têm prolongamentos felizes...
Têm actores e actrizes,
cenários paradisíacos, onde a vida pára para também sonhar.
E no fundo, nos corredores escondidos daquele lindo estúdio,
Onde até a luz pára e contempla o momento onde o tempo gela,
No fundo dos corredores, omitido do mundo
escondido em ti,
Está a pessoa com quem a vida surge,
Nos recantos mais escondidos e omissos,
O cordão umbilical da vida,
O ventre de tantos,
Quem diz que nunca foste mãe, mente...
Mãe de tanta vida,
Criador de tanta paixão...
De defeitos e virtudes comuns,
De traços alegres e singelos,
De olhar profundo e fugido,
Estás tu...

Há dias em que partes dali, vais embora,
Sem noticia ou aviso,
Te perdes pela estrada fora,
Perdido em recantos de ti...
Vivências da memoria...

Dias em que acho que perdeste o fio que te trazia aqui,
Que te ligava a mim...
Que ou por ventos fortes,
Colinas descobertas ou montes,
Te perdes,
E descobres sítios que já descobri,
Que rejeitei e vivi.

Talvez, queira e peça em segredo,
Mais do que pretendes dar...
Estou condicionada a sentir e tentar racionar,
Condicionada a viver...
A dar, mas preciso de receber,
Ou ficaria vazia sem perceber...
A medida certa não está em palavras,
caricias e gestos não são a chave de porta nenhuma...


A oficina da saudade,
não consiste no prazer de ter...
Parto do principio,
É preciso mais, preciso receber...
É preciso palavras que não sei dizer,
Outras tantas que me falta arte para descrever...
É preciso tanto,
Que tanto mais seria preciso para saber...

Fica a receita magica por prescrever...

Andreia Ramos

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